COLETIVA DE IMPRENSA COM BRENO ALTMAN NA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DE GOIÁS, GABINETE
MAURO RUBEM, JUNHO DE 2024.
A Casa de Vidro C.M.I. (Centro de Mídia Independente) participou da coletiva de imprensa, representada por Eduardo Carli, Renato Costa e Gabriela Callegaris, por ocasião do lançamento, em Goiânia, do livro Contra O Sionismo (Ed. Alameda, 2024), de Breno Altman. Nesta ocasião, tivemos a oportunidade de ouvir o jornalista, fundador do portal Opera Mundi, discorrer sobre uma das piores carnificinas contra comunicadores já registradas na História: mais de 100 profissionais do jornalismo assassinados por Israel em Gaza entre Outubro de 2023 e Junho de 2024. O vídeo e sua transcrição estão abaixo:
Breno, eu gostaria de ouvi-lo um pouco ainda sobre o tema do jornalismo, sobre os comunicadores que estão em Gaza neste momento, e aí eu destaco dois aspectos, se você puder comentá-los: 1) Há informação de que 108 jornalistas, pelo menos, já foram assassinados entre 7 de outubro e 5 de junho, são dados do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (e a Repórteres Sem Fronteiras também aponta o mesmo dado), e isso significa que esse é o período mais sangrento para os profissionais da comunicação, desde que essa entidade começou a pesquisar o tema em 1992. (1)
Então, nós estaríamos diante de uma guerra contra a verdade, que o regime de Netanyahu vem perpetrando – a expressão aparece na manchete da matéria de Jeremy Scahill para o The Intercept (2).
2) Um outro elemento disso, para além do assassinato desses jornalistas, recentemente houve o banimento da Al Jazeera, que é uma cadeia de comunicação sediada no Catar, e que tem vários correspondentes que realizam isso que você chamou de um genocídio televisionado, que trabalham no campo em Gaza; e a Al Jazeera está proibida de transmitir do território de Israel, o que significa também que a população israelense está sendo usurpada dessas imagens que revelam as atrocidades do seu próprio governo. (3) E eu me lembro também de um caso do Wael Dahdou: ele era chefe de redação em Gaza, e apesar dele não ter sido assassinado, praticamente toda a sua família foi, perdeu esposa, filhos, né? (4)
Então, eu gostaria que você comentasse um pouco sobre os nossos colegas comunicadores, se eles estão sendo alvos deliberados de ataques fatais do regime sionista, e se isso pode ser chamado de uma guerra contra a verdade.
Eu não tenho nenhuma dúvida de que os ataques são deliberados. Na Segunda Guerra Mundial, o mais sangrento dos confrontos da história da humanidade, morreram 69 jornalistas. E em Gaza, em oito meses, 108. Eu vou repetir. Em seis anos de guerra, no maior confronto que a humanidade já viveu, 69 jornalistas morreram no campo de batalha. Na faixa de Gaza, em oito meses, que se completam depois de amanhã, 108 jornalistas, e contando, né? É uma ação deliberada. É calculada, planificada. Porque o que saiu do controle de Israel é a disseminação de informação a partir de Gaza. Eu estou convencido de que o governo Netanyahu não imaginava que essas informações poderiam fluir para o resto do mundo. Que ele poderia fazer o que está fazendo, e controlar a opinião pública a partir dos grandes monopólios de comunicação sobre os quais o lobby sionista tem muita força. Quando irrompe essas informações a partir de redes alternativas como a Al Jazeera, ou de comunicadores que estão ali em Gaza, Israel é surpreendido.
E também os Estados Unidos são surpreendidos. Israel passa a operar a eliminação dessa fonte de informações através de atentados planificados contra os jornalistas. A mais infame das atitudes da imprensa brasileira e mundial, refiro-me, evidentemente, aos grandes monopólios, é não denunciar essa situação. Imagine se fosse um outro país fazendo o que Israel está fazendo com os jornalistas. Vamos imaginar que fosse o Putin matando 108 jornalistas. O que os meios de comunicação, os grandes jornalistas, os grandes monopólios de comunicação estariam dizendo no Brasil e no mundo. E aqui é um silêncio dos grandes meios, apesar de estarmos assistindo o que você bem denominou de uma guerra contra a verdade.
Eu creio que esse é um dos aspectos mais sombrios do genocídio contra o povo palestino. Impedir que a população mundial, e particularmente a própria população israelense, tenha conhecimento do que se passa em Gaza, do que está fazendo o governo Netanyahu, das entranhas do regime sionista.
LINKS:
(1) – https://cpj.org/2024/06/journalist-casualties-in-the-israel-gaza-conflict/
(2) – https://theintercept.com/2024/02/07/gaza-israel-netanyahu-propaganda-lies-palestinians/
Publicado em: 14/06/24
De autoria: Eduardo Carli de Moraes
A Casa de Vidro Ponto de Cultura e Centro de Mídia